O Brasil é a quarta principal indústria calçadista do mundo – e, fora do continente asiático, é a maior. Esse título demonstra a grandeza e variedade do nosso mercado, que tem superado momentos difíceis por conta da pandemia e o abre-fecha dos comércios. Foi um período de adaptação e transformação, onde muitos varejistas adentraram de vez estratégias que trazem o digital para o dia a dia. Uma pesquisa da consultoria BCG apontou que 61% das empresas globais aceleraram o processo de digitalização em 2020, e 96% espera acelerar projetos nesse sentido nos próximos dois anos.
Mas a tecnologia não é benefício das grandes empresas e, para o setor calçadista, a chegada da primavera e a troca de estações será mais uma oportunidade para investir em tecnologia, otimizar as lojas físicas, alavancar as vendas e atrair mais clientes que querem atualizar o estoque de calçados.
Após os tempos de instabilidade, já é possível ver a recuperação projetada para o setor. No início do ano a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), desenhou uma produção de calçados 14% maior em comparação a 2020. Meses depois, dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), feita pelo IBGE, mostraram que em junho o varejo cresceu 6,3% em comparação com o mesmo mês em 2020. E o destaque do crescimento foi para o setor de tecidos, vestuário e calçados, que representou 61,8% do montante.
O comportamento do consumidor também está passando por alterações muito mais aceleradas que o normal, principalmente em relação a novas alternativas de compras. O setor de vestuário e calçados é popularmente mais conhecido por lojas de rua e shopping, mas novos modelos se estabeleceram de vez. A criação de e-commerces, integração com marketplaces, oferecimento de novos meios de pagamento e estratégias como vendas condicionais – que ganham cada vez mais força – são apostas para atrair novos clientes, que precisam se sentir no controle de como querem comprar. Com a expectativa de números mais relevantes para o segundo semestre, o varejista de calçados pode aproveitar épocas com picos de venda, como a mudança de estações, para impulsionar as tradicionais promoções com esses novos formatos de venda.
Físico ou presencial?
Com o avanço da vacinação, o movimento do varejo físico já está sendo agitado – e promete ser ainda mais nos meses a seguir. O comparativo mensal realizado pelo IPV (Índices de Performance do Varejo) e organizado pela HiPartners Capital & Work em parceria com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) mostrou que em julho, o fluxo de pessoas aumentou 18,6% nos shopping centers e 11,5% nas lojas físicas em geral, em comparação com junho deste ano. A população está indo mais aos locais presenciais, e isso é fato. Mas ao mesmo tempo, o digital também mantém o fôlego de crescimento.
Desde o começo da pandemia, 88% dos brasileiros fizeram compras on-line, o que coloca o Brasil como líder da América Latina no ranking de compras no e-commerce, segundo um estudo da IDC. A mesma pesquisa mostra que os setores de vestuário e calçados ocupa o topo dos setores com mais movimento de compras. Isso demonstra que os clientes ainda buscam pela comodidade do virtual, e o varejista deve ser aquele que oferece as duas vias, focando em omnicanalidade para entregar qualidade de ponta no presencial e no físico, já que ambos possuem potencial de crescimento em épocas marcantes.
Ao pensar em mudanças, muitos optam por obter um sistema de gestão completo, que pode oferecer vantagens facilitadoras, controlando estoques, vendas, promoções e descontos em um único lugar, sempre mantendo a experiência do cliente e o retorno do varejista como prioridade. Para além das vendas em si, quem comanda lojas do setor calçadista deve se munir das principais tendências – sejam elas tendências de moda ou de negócio – para dar um gás nessa próxima troca de estações. Será uma oportunidade de avaliar o ambiente para a próxima grande data do varejo que já bate à porta: a Black Friday. Para a primavera que chega, planejamento será tudo, e o momento é esse para colocar em prática novos modos de operar que já se provaram lucrativos.
Rafael Reolon – Diretor do segmento de calçados da Linx