O fechamento obrigatório do comércio durante a quarentena está levando as operadoras de shopping centers a repensarem onde vão fazer seus próximos investimentos. Em vez de priorizarem a construção de novas unidades (chamadas de greenfields) ou a expansão da área dos estabelecimentos já em operação – principais vias de crescimento até então –, será dado cada vez mais peso na integração do comércio físico ao eletrônico.
“O perfil dos investimentos futuros vai mudar. No pós-covid, devemos acelerar o ritmo dos investimentos nas soluções digitais”, ressalta o presidente da BRMalls, Ruy Kameyama. O executivo diz que a companhia adotou uma postura “mais cautelosa” em relação a novos investimentos e expansões, que ficarão fora das prioridades no curto prazo. “Nosso capex (capacidade de investimento) será menos no desenvolvimento da área bruta locável e mais no sentido de gerar mais soluções e transformações dos shoppings“, explica.
Uma das soluções é “digitalizar” os estoques dos lojistas, isto é, integrar as mercadorias a vários marketplaces. O objetivo com isso é dar mais visibilidade aos produtos e utilizar os shoppings como centros de distribuição das mercadorias. A companhia já tem 15 marketplaces integrados e prevê chegar a 20 até o fim do ano. Os lojistas de oito shoppings já estão cobertos pela iniciativa, e o plano é de chegar a 100% deles até a Black Friday, segundo o executivo.
Mais áreas abertas
A brMAlls também vai priorizar os investimentos na transformação dos shoppings por meio de reformas dos edifícios, renovando o paisagismo e criando mais áreas abertas. Também continuará dando atenção ao mix de lojistas, com a atração de operações como restaurantes, serviços e entretenimento.
Rafael Sales, presidente da Aliansce, outro importante grupo de shoppings, disse que os investimentos da companhia também darão um peso maior para soluções digitais, mas ponderou que ainda conserva otimismo para a expansão futura das áreas de compras. “Neste ano, nós postergamos expansões. Vamos fazer isso no ano que vem ou no próximo, dependendo da retomada da economia”, afirma.
Sales pondera que vê demanda potencial por ampliação das áreas, uma vez que o grupo não tem sofrido com números elevados de pedidos de rescisões de contratos dos lojistas, além de esperar uma recuperação gradual das vendas nos próximos meses. Ao todo, a companhia tem planos de realizar oito expansões, disse. Já para novos shoppings, a postura também é de cautela.
Para Sales, o futuro dos shopping centers passa por uma integração cada vez maior entre o comércio físico e o online, e ressalta que as administradoras dos empreendimentos terão um papel fundamental nessa integração. Por isso, a Aliansce Sonae também tem buscado levar seus lojistas para canais digitais de vendas, como marketplaces. “Nós temos focado em dar ao lojista satélite capacidade de fazer parte de mundo multicanal”, menciona.
O foco dessa estratégia são os lojistas de pequeno porte, já que as grandes redes têm seus próprios sites de vendas. “Temos buscado integração dos lojistas com marketplaces, e há forte demanda. Queremos que o lojista nos perceba como parte da solução da vida deles, tanto presencial quanto online”.
Fonte: Mercado & Consumo