Depois de uma queda dos negócios que deve ser da ordem de 15% em 2020, o setor calçadista iniciará uma retomada moderada em 2021, quando deverá crescer 4% ou um pouco mais. A previsão é do economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, que participou de uma live promovida pelo Grupo Kidy na última terça-feira, dia 23.
Conforme Padovani, o setor é muito dependente de crédito, renda e confiança, que faltam este ano, por isso é um dos mais sofrem com a crise gerada pela Covid-19. “Cada ponto de queda no PIB tem impacto de dois nas vendas de calçados”, explica. Para 2020, a queda projetada da economia é de 7%, o que significa que a indústria e o varejo de calçados terão as suas atividades reduzidas em 15%. “Se a economia não cresce, não há crescimento nas vendas de calçados”, acrescenta.
Mas, conforme o economia, há razões para acreditar numa retomada no próximo ano. A primeira é a previsão de crescimento de 9% da China, da qual o Brasil é dependente, assim como os demais países sul-americanos.
A segunda é o possível fim da recessão na Argentina e crescimento de 4% da economia do país vizinho, para o qual o Brasil exporta bastante, inclusive calçados. A terceira é a maior estabilidade política brasileira no próximo ano. Não vai haver impeachment do presidente Bolsonaro e, segundo Padovani, há uma mudança de patamar da taxa de juros, que deve permanecer na faixa de 2%.
“Com juros de 2%, toda a poupança financeira do país será usada para produzir. As empresas terão crédito mais barato para investir na produção em 2021”, explica Roberto Padovani. Em consequência, diz, o emprego vai voltar a crescer lentamente, favorecendo o consumo de diversos produtos, inclusive de calçados.
A retomada moderada em 2021, porém, trará consigo um grande desafio aos empresários: não errar e, para isso, será essencial investir em gestão, estratégia e tecnologia. “Será necessária uma gestão profissionalizada e atenta aos detalhes. Atitude, controle de estoque, produtividade, redução de custos e escolha dos melhores parceiros terão que estar ainda mais no foco dos diretores em 2021”, ressalta.
Na abertura da live, o diretor Sérgio Gracia disse que a Kidy fez a lição de casa durante a quarenta, manteve a pesquisa de moda e lançou uma coleção virtual, que começa a chegar às lojas em breve. “Tiramos proveito da situação e estamos preparados para a retomada dos negócios”, afirmou. Ao final, o também diretor Ricardo Gracia esclareceu que a live teve como objetivo levar informações aos lojistas para que eles possam se sentir mais seguros em relação à gestão de seus negócios. E enfatizou que, além de criar uma unidade de EPIs (que chegou a produzir 350 mil máscaras ao dia), a empresa criou um novo departamento, denominado K Design, para centralizar as atividades de pesquisa e desenvolvimento, manteve os laços com o varejo brasileiro e iniciou exportações para o Chile e os Estados Unidos. “Estamos saindo fortalecidos”, finalizou.