Nós, da Gouvêa de Souza, temos o privilégio de estar diariamente em contato com várias lideranças de diversos segmentos de atuação, ou seja, economia real. Toda essa proximidade nos indica, de maneira muito natural e espontânea, para onde estão se direcionando as estratégias dos negócios em tempos de Covid-19.
Compartilho aqui uma síntese da visão destes profissionais para que possa servir de referência e um pouco de inspiração em um momento tão único e desafiador para todos nós. As lições que estamos aprendendo e replicando são:
Operação – Unanimemente, o sentimento geral é fazer todo o possível para manter suas operações, operando. Mesmo aquelas operações em que as portas estão fechadas por conta do isolamento social.
Liquidez – Hora de repensar e avaliar o caixa em detalhes, identificar o que é fundamental para o negócio sobreviver. Aplicar todas as medidas de postergar caixa e evitar custos com demissões propostas pela medida provisória 927/20 (parcelamento do FGTS dos meses possíveis, implementação de férias e banco de horas).
Renegociar – Hora de renegociar com fornecedores, propor alternativas visando a retomada, olhar para a frente e revisitar prazos. Após a descompressão do isolamento social – o que provavelmente acontecerá em etapas – escalonar e prever como estes recursos ou investimentos voltarão a fluir.
Financiamentos – Buscar crédito e ou isenção fiscal é essencial para diversos negócios, eles podem aliviar a pressão sobre o caixa neste momento, possibilitando uma ajuda para atravessar a depressão econômica, sem necessariamente exaurir o caixa livre para o essencial. Há medidas que o governo tem disponibilizado e seguramente alguma poderá servir.
Gestão de reputação – A hora é de estar presente, solidário no que for possível, manter contato, acolher e estabelecer uma liderança empática (interna e externamente), conforme sugerem gurus e formadores de opinião nas redes sociais.
Neste momento marketing de produto/preço não tocará e nem gerará valor às pessoas. Empatia e proximidade sim, mostrar de fato qual é a participação da sua empresa para melhorar – nem que seja um pouco – demonstrando seu propósito. Excelentes exemplos das grandes como Ambev, Natura/Avon, Ypê entre tantas outras que estão vindo a público e transformando seus produtos em “salva vidas”. Grande oportunidade para aqueles que ainda não haviam priorizado suas mídias sociais ou e-commerce.
Mobilidade logística – Nesse aspecto, possivelmente as empresas que continuam operando vão assumir despesas maiores, bem seja para o implantar uma atividade de delivery ou intensificá-la, bem seja para entrega ou coleta de suprimentos essenciais. Entender qual o impacto nas despesas e mantê-las no radar para dar continuidade a operação neste momento é o foco, mesmo que com margens afetadas.
Gestão de produto – Giro é a palavra de ordem! Nesse campo estar pronto para redução de margens e pensar a médio longo prazo na retomada escalonada do mercado, e só assim prever recuperação das margens cedidas.
Gestão das equipes – Total transparência para com o seu time! Não é hora de segurar informação. Tente ouvir e atender as necessidades das pessoas e assim você terá o engajamento delas. Sim as coisas estão difíceis e o time mais que qualquer outro agente pode apontar caminhos em suas tarefas táticas e operacionais, indicar eficiências ou sinergias para passar esse momento com menor prejuízo possível à saúde financeira e organizacional.
Muito provavelmente as oxigenações necessárias ao negócio em termos de substituições serão antecipadas, mas preserve o “core”, com eles as empresas retomarão seu ritmo. Enfim, com foco, disciplina, flexibilidade e equilíbrio conseguiremos manter nossos negócios preparando-os para uma retomada que virá.
Jean Rebetez – Sócio-diretor da GS&Consult, empresa de consultoria com foco em varejo, relações de consumo, marketing e canais de distribuição do Grupo GS& Gouvêa de Souza.