Acompanhando as novas tendências do consumidor brasileiro, o setor calçadista busca reinventar-se e adotar estratégias que funcionem no competitivo mercado online. A conexão do mundo físico com o virtual foi tema da palestra “O varejo online, o offline e a necessária integração de canais”, ministrada por Vitor Magnani, presidente da ABO2O – Associação Brasileira Online to Offline e fundador do Instituto Startups, na Couromoda, em São Paulo/SP.
O especialista apresentou diversos cases de indústrias que não acompanharam o movimento de mercado e acabaram fechando as portas, em contraponto de cases de sucesso, com marcas que são consideradas nativas digitais e que rapidamente ascenderam e estão no ranking das mais valiosas do mundo, como Amazon e Google. Destacou as principais medidas que devem ser tomadas por varejistas para ingressar no mercado virtual, vender para o país inteiro e, consequentemente, atrair mais clientes para a loja física. Pequenos e médios empreendedores têm maior vantagem para realizar este processo, pela agilidade em colocar em prática uma nova cultura de consumo e por possuírem uma estrutura mais enxuta e horizontal.
“O Brasil possui enorme capacidade varejista para ser uma potência nas vendas online, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão, e deveria adotar o quanto antes um posicionamento efetivo para garantir resultados a médio prazo”, afirma Vitor Magnani. Hoje no Brasil, 4% dos calçados são vendidos online e, dentro desse volume, 80% são tênis. Já nos EUA, 7% da venda de calçados são feitas através da internet, com 70% delas envolvendo os tênis. A compra de outros tipos de calçados, em ambos os países, é menor por conta do significativo número de trocas realizadas, visto que, diferentemente do que acontece com os tênis, que seguem uma numeração padrão em todo o mundo, os sapatos têm maior variação.
Além da numeração, o consumidor mudou a forma de decidir a compra. Atualmente, leva em consideração marcas que gerem experiências para os cinco sentidos e que agreguem valor ao seu lifestyle. “Hoje, ele não precisa mais ir a uma loja para adquirir qualquer tipo de produto ou serviço. Tem milhares de opções na palma da mão e tem que querer ir e desejar frequentar determinado estabelecimento”, afirma.
Entre os principais pontos que o varejista deve se atentar nesse novo momento, estão, segundo Magnani: alimentar o consumidor com informações (site, blog, redes sociais, atendimento via whatsapp e parceria com influenciadores), focar nos valores da marca (visão de mundo, mensagem e diferenciais) e ser uma loja física conectada com o online (ter a mesma linguagem, rapidez no atendimento e checar reputação).
Ações no Instagram
Ainda dentro dessa temática, Fernando Souza, consultor e professor de marketing digital, ministrou palestra sobre o papel dos influenciadores no Instagram: como medir o retorno financeiro, e destacou o cuidado com a mensuração de resultados nas redes sociais, como ficar atento às métricas de vaidade ou números fakes e atentar-se à taxa de engajamento (e não apenas ao número de seguidores). O palestrante ainda deu dicas de como as empresas podem chegar a um número real de pessoas impactadas com uma ação com um criador de conteúdo, como fazer a seleção de um influenciador e quais as principais diferenças entre uma ação com celebridade, especialista e microinfluenciador.
“O Brasil está, hoje, em 2º lugar no que diz respeito a ações pagas com influenciadores, atrás apenas dos Estados Unidos. Aqui, as empresas remuneram três vezes mais estes profissionais do que as norte-americanas”, conta Souza. Em complemento, o especialista afirma que hoje 66% de todas as ações comerciais geradas são feitas dentro do Instagram e, em seguida, dentro do YouTube.