O volume de brasileiros com contas em atraso caiu pelo segundo mês seguido e encerrou 2019 com pequena queda de 0,2% na comparação com 2018. A melhora gradual da conjuntura econômica, somada a ações pontuais, como campanhas de renegociação de dívidas e a liberação dos recursos do FGTS, contribuiu para aliviar o bolso do brasileiro neste início de ano.
“A estimativa da CNDL e do SPC Brasil é que aproximadamente 61 milhões de brasileiros tenham começado o ano de 2020 com alguma conta em atraso e o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, acrescentando a inadimplência deve seguir em queda nos próximos meses, mas a passos lentos.
Valor médio das dívidas
Somando todas as pendências, cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 3.257,91. Se descontados os efeitos da inflação, os valores observados agora são 30% menores do que no início da série histórica, em 2010 (R$ 4.238,32). De modo geral, 52,8% dos brasileiros inadimplentes têm dívidas em atraso de até R$ 1.000 e 47,2%, acima desse valor.
Em dezembro, o recuo mais expressivo da inadimplência na comparação anual se deu nas dívidas com o setor de comunicação, como contas de telefonia, internet e TV por assinatura: queda de 16,4%. As dívidas bancárias (cartão de crédito, cheque especial, empréstimos e financiamentos) caíram 1,9%. Já o as dívidas contraídas no comércio via crediário subiram 0,9%, enquanto as pendências básicas com água e luz cresceram 2,1%. No geral, considerando todos os tipos de dívidas em atraso, houve queda de -3,3% na comparação anual.
Resultados por região
O Nordeste apresentou a queda mais expressiva na quantidade de inadimplentes, recuo de 3,2% na comparação entre dezembro de 2019 e dezembro de 2018. No Sudeste, a variação foi pequena e ficou em 0,7%, ao passo que houve um avanço de 4,8% no Norte e de 3,8% no Centro-Oeste.
De modo geral, o Norte é a localidade mais inadimplente em termos proporcionais: a estimativa é que 47,2% dos residentes adultos da região estejam com o CPF negativado, ou seja, 5,9 milhões de consumidores nessa situação. Em seguida, aparecem o Centro-Oeste (42,4% ou 5,1 milhões de inadimplentes), Nordeste (40,2% ou 16,6 milhões de negativados), Sudeste (37,4% ou 25,2 milhões de pessoas com contas em atraso) e Sul (35,5% ou 8,2 milhões de inadimplentes.
Crescimento entre idosos
No mês de dezembro, houve queda expressiva na parcela mais jovem da população e alta entre os mais velhos na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Considerando a população de 18 a 24 anos, houve queda de 21% na quantidade de inadimplentes. Já entre os idosos de 65 a 84 anos, a alta foi de 3,7%. O número de devedores também caiu entre os que têm de 25 a 29 anos (-11,2%) e de 30 a 39 anos (-3,2%). Considerando as pessoas de 50 a 64 anos, houve uma alta de 1,8% na inadimplência, que ficou em apenas 0,8% entre os de 40 a 49 anos.