Embora venha perdendo força com a popularização de outras modalidades de crédito, especialmente nos grandes centros urbanos, o crediário ou o cartão de loja continuam presentes na vida do brasileiro.
Levantamento realizado nas 27 capitais pela CNDL e pelo SPC Brasil mostra que três em cada dez brasileiros (30%) fizeram uso de crediário (carnê, boleto a prazo ou cartão para compras exclusivas em uma loja) nos últimos 12 meses, sendo que 26% recorreram a essa modalidade todos os meses. Outros 31% a cada dois ou três meses e 31%, três vezes ou menos no ano.
A falta de condições para realizar o pagamento à vista em dinheiro foi o principal motivo que levou os entrevistados a recorrer ao crediário nesse período (35%), principalmente pessoas de renda mais baixa (40%). Outros 25% viram vantagem na pouca burocracia exigida pelos estabelecimentos comerciais.
Já 20% das pessoas ouvidas optaram pelo crediário com a estratégia de fazer mais compras, opção que cresceu oito pontos percentuais em um ano. A possibilidade de parcelar o valor das compras, aliás, foi a principal vantagem apontada por 30% dos usuários de crediário, enquanto 19% veem vantagem em fazer compras mesmo não tendo dinheiro e 15% em ter prazos maiores para pagamento das aquisições.
“Pagar no crediário permite que a pessoa adquira uma maior quantidade de itens e se comprometa com uma prestação mais acessível, dentro dos limites do orçamento mensal. O problema é que essa facilidade pode favorecer o consumo impulsivo e até mesmo o descontrole nas compras. Então, é essencial refletir sobre a real necessidade de cada item e fazer as contas para saber se a parcela, ainda que de valor baixo, não irá comprometer o pagamento de outras despesas já assumidas a cada mês”, alerta o educador financeiro do SPC Brasil José Vignoli.
Cuidado para evitar atrasos
Conforme a pesquisa, 44% dos usuários de crediário já foram negativados por não cumprir com o pagamento das parcelas. O número representa uma diminuição de 15 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Outra boa notícia é que 31% já conseguiram regularizar sua situação, mas 12% ainda estão com o nome sujo – taxa que também representa queda em relação a 2018, quando era de 13 pontos percentuais.
Maioria está com parcelas em dia
Oito em cada dez entrevistados (81%) que possuem algum crediário garantem estar com as parcelas em dia, enquanto apenas 10% estão com pagamentos em atraso. A baixa inadimplência no crediário tem relação com a responsabilidade de parte significativa dos consumidores em acompanhar de perto suas finanças. Sete em cada dez (69%) afirmaram realizar o controle dos pagamentos das compras realizadas pelo crediário, seja por meio de caderno, agenda ou papel (33%), planilha de computador (21%) ou aplicativo do celular para finanças pessoais (15%). Ainda assim, 30% não costumam fazer esse tipo de controle.
Bens mais adquiridos no crediário
Artigos de vestuário lideram o ranking de produtos comprados por meio desta modalidade de crédito: metade dos entrevistados (50%) disse que comprou ou costuma comprar roupas, calçados e acessórios no crediário, enquanto 46% preferem utilizá-lo para adquirir eletrônicos – número que representa um aumento de 11 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior. Outros 40% utilizam o crediário para a compra de eletrodomésticos e eletroportáteis.
Crediário em duas lojas
Atualmente, em média, os entrevistados possuem crediário aberto em duas lojas, sendo que 43% solicitaram ativamente o crediário e outros 40% foram convencidos a abri-lo após receber ofertas dos lojistas. Na data da pesquisa, seis em cada dez (61%) possuíam cartão de loja e 49%, carnê ou boleto. Seis é o número médio de parcelas em que as compras foram divididas.
Metodologia
A pesquisa entrevistou 805 consumidores, sendo que continuaram a ser entrevistados somente aqueles que disseram ter utilizado crediário nos doze meses anteriores ao estudo – o que corresponde a 30% da amostra inicial.
Acesse a pesquisa na íntegra e a metodologia aqui