A tecnologia ajuda o varejo, mas não faz tudo sozinha nas ações de marketing para conquistar e manter os consumidores cada vez mais exigentes. O alerta é do especialista em varejo Victor Olszenski, diretor da Percepta Marketing e Comportamento (São Paulo/SP) e um dos palestrantes do Fórum Couromoda 2019, em que abordou o tema marketing de varejo: os novos jeitos (e os jeitos de sempre) de comunicar-se com o consumidor mais informado, arrisco e exigente.
De acordo com ele, os clientes nunca foram nem serão iguais, têm se tornado cada vez mais exigentes e cada vez menos fieis e podem trocar uma loja ou marca por outra por pequenas diferenças. E o quadro só tende a piorar! Por isso, as lojas precisam inovar utilizando a tecnologia como aliada, mas jamais como tábua de salvação.
“A tecnologia pode ajudar muito para ter produtos adequados à demanda, estoques melhor controlados, gestão financeira precisa, promoções personalizadas e vendas com melhores margens, mas também para conhecimento amplo do comportamento típico de grupos de consumidores, acompanhando sua disponibilidade a compras e propondo ofertas certeiras”, explica Olszenski.
As tarefas relacionadas à criatividade, como vitrines, merchandising, ambientação de lojas, promoções e campanhas, treinamento de vendedores, atendimento e pós-venda, dependem da ação da liderança e do talento da equipe. O sucesso de uma loja ou marca decorre da união de tecnologia e criatividade.
Em relação à tecnologia, pode-se começar com a formação de um banco de dados com o que a loja já possui. “Não importa o tamanho dele: você, lojista, pode montá-lo com as ferramentas que já utiliza hoje. Saiba que há soluções para cada demanda do varejo e o importante é ter claro aonde quer chegar”, enfatiza o palestrante.
Conforme Olszenski, os clientes fornecem informações sobre seus hábitos o tempo todo, quando vão à loja ou quando navegam pela internet. É preciso, então, saber ‘pescá-los’. Para isso, o palestrante dá quatro dicas.
Busca e coleta de informações – Tudo o que se faz na internet deixa rastros que podem ser utilizados para conhecer melhor o cliente. Mas é preciso ter cuidado com a panaceia das redes sociais. Lidar com elas não é simples nem barato.
Consideração – Seu cliente buscará informações sobre suas demandas na imensa vitrine da internet. Você precisa estar lá, oferecendo aquilo que você tem e que se encaixa na demanda do cliente.
Compra – Ainda dependemos muito dos cinco sentidos. Seu cliente quer tocar, experimentar e ver-se com o calçado. Esse momento especialmente delicado em que o virtual torna-se real. A informação dada antes contribui para uma oferta mais precisa e com maior chance de fechar a venda.
Pós-venda – Seu cliente só voltará se for estimulado a isso. Campanhas tradicionais e impessoais de aniversário, Dia das Mães e Natal já não são eficazes porque não incluem a personalização, tão desejada pelo cliente.
“Nestes quatro passos, as palavras-chaves são pertinência e relevância”, destaca o diretor da Percepta. Isso significa que uma oferta de calçados relacionada, por exemplo, à data de aniversário do cliente precisa chegar a ele, logicamente, antes, jamais depois. Da mesma forma, tem que ser importante, a ponto de despertar o interesse dele e fazê-lo comprar.
Você precisa:
» Saber que a digitalização do varejo é uma via de mão única
» Ter controles tão afinados e constantes quanto possível, no máximo semanais
» Garantir que sua operação digital esteja sempre atualizada
» Ter um método de avaliar a experiência do consumidor e os resultados e calibrar seu investimento digital
» Se não estiver dando certo, mude rápido. O mundo digital lhe oferece inúmeros controles
» Integrar as equipes de vendas com seus ambientes digitais e as informe antes de todas as campanhas
» Não fazer tudo sozinho e escolher alguém como responsável. Esse é um trabalho permanente
» Saber que não entrar é melhor do que entrar errado no mundo digital. Mas nos dois casos você estará perdendo vantagem competitiva
» Planejar antes de implementar. Peça orçamentos de mídia e de custos de uma operação real. Os preços variam
» Manter-se informado sobre as novidades, mas evitar embarcar em modismos
DEZ DICAS VALIOSAS
1 – Descomplique
2 – Use bem as parcerias com fabricantes e até mesmo com lojas de outros ramos
3 – Não se limite a copiar o concorrente. Veja como melhorar a ideia para você
4 – Mídias sociais não fazem milagre. Nem são baratas. Mas seu uso é essencial
5 – Aplicativos são bem-vindos, desde que sejam utilizados pelo seu público. Senão, é perda
6 – Faça bem-feito o que for possível fazer
7 – Jornada do cliente não termina quando ele faz a compra. Nem começa quando ele entra na loja
8 – Não há frase feita que sirva para todos os clientes
9 – Atenda o cliente do jeito que gostaria de ser atendido
10 – Descomplique, mas faça. Não se faz futuro como antigamente