Ainda que muito abaixo do que era esperado para o período nas projeções feitas no fim do ano passado, 2018 foi o segundo ano de recuperação da economia brasileira. Projeções da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio/SP) indicam que o PIB tende a fechar o ano com elevação de 2%. A inflação, medida pelo IPCA, deve atingir 4%, enquanto as vendas do varejo no Brasil devem fechar positivas em 3%, mesma taxa de crescimento esperada para a indústria.
Ainda de acordo com a entidade, o mercado e o setor produtivo esperam um novo governo que coloque de forma clara as medidas prioritárias e suas diretrizes sobre a política econômica. Além de promover ajustes fiscais, reduzir seu grau de interferência, possibilitar encaminhamento e aprovação das reformas nas áreas tributária, previdenciária e de gastos públicos e diminuir a burocracia, estimulando o ambiente de negócios. De imediato, o varejo e o setor de serviços provavelmente se beneficiarão da confiança em alta, e o Natal tende a ser um momento mais positivo do que a média do ano, indicando um bom começo em 2019.
As projeções da federação apontam ainda que, em 2018, a expectativa é de um superávit de US$ 55 bilhões na balança comercial brasileira, saldo positivo que deve se repetir em 2019, em US$ 40 bilhões.
Diante de todo esse quadro, ainda de incertezas, mas visto com otimismo pela entidade, as projeções para 2019 são melhores do que as dos últimos anos. Além disso, as privatizações e aceleração das concessões propostas pela nova equipe econômica também podem impulsionar investimentos de forma relativamente rápida no País nos próximos anos, o que beneficia a geração de emprego e renda e, consequentemente, consumo. O recente crescimento da confiança de consumidores e empresários tende a ser mantido e até acelerado com o efetivo início do novo governo em janeiro de 2019 – se, de fato, as observações acima se concretizarem.
VARIÁVEL………………. 2018………. 2019
IPCA………………………… 4,00………… 4,00
Selic (FP)…………………. 6,50………… 6,50
Tx de câmbio………….. 3,60………… 3,80
Balança Com………….. US$ 55 bi…. US$ 40 bi
Conta Corrente………. -US$ 15 bi… -US$ 15 bi
Prod. Industrial……….. 3,00…………. 5,00
Varejo Brasil……………. 3,00…………. 5,00
Varejo SP……………….. 5,00…………. 6,00
Massa rend. SP……….. 3,00………… 4,00
Massa rend. BR………. 2,50………… 4,00
Vol. crédito PF………… 10,00………. 15,00
Déf. Fiscal. Prim……… 1,90………… 1,50
Dív. Púb. Fed. Bruta… 79,00……… 80,00
PIB (crescimento)……. 2,00……….. 3,00
Fontes: IBGE, T. Nacional, BCNB, Fecomércio SP e FFA Consultoria
Confiança
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) deve fechar 2018 cerca de 5,8% acima do verificado em 2017. Segundo a assessoria econômica da Fecomércio/SP, mesmo existindo instabilidades política e econômica, houve uma atmosfera mais positiva em 2018 em decorrência da diminuição do custo de vida, com melhores ganhos de renda, consequência da inflação mais baixa e melhores resultados do emprego aliado ao crédito mais barato.
Estoques e expansão
O Índice de Estoques (IE) da Fecomércio/SP obteve um desempenho médio no ano em comparação a 2017. Em dezembro, o indicador deve crescer, contabilizando-se a projeção de mais de 5% em relação ao ano passado. No entanto, esse desempenho é baseado, em grande medida, nos resultados do fim do ano.
A entidade entende que o ambiente de negócios está se pacificando e provavelmente pode melhorar. Justamente em razão da proximidade do Natal, a mais importante data para o varejo, é possível que o indicador volte a dar novos sinais de melhoria. Com isso, o IE deve fechar o ano em 109,6 pontos.
Já o Índice de Expansão do Comércio (IEC) é o mais indicado para avaliar as intenções dos empresários quanto às duas variáveis mais relevantes para o crescimento: propensões a empregar e a investir. Empresas não empregam ou investem diante de perspectivas negativas. Ao longo de 2018, os resultados foram se arrefecendo em relação a 2017, diante do fraco desempenho da economia. Contudo, houve recuperação no fim de 2018 e os efeitos desse momento de otimismo no varejo serão verificados por meio das contratações temporárias de Natal e do desempenho do faturamento em relação ao ano passado. A tendência é que, no mês de dezembro, o IEC alcance 109 pontos, fechando o ano com uma média de 99 pontos, alta de 9% em relação ao ano passado.
Endividamento e inadimplência
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) mostrou que, em novembro, houve uma queda de ambas as variáveis. Segundo a projeção, em dezembro, devem chegar a 51% e 19% para endividamento e inadimplência, respectivamente. É um resultado positivo, mas ainda não suficiente para trazer ganhos à economia por causa do alto nível de desempregados.
A Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE) mostrou um consumidor conservador durante a crise entre 2014 e 2016, que arriscou um pouco após a mudança de rumos na economia, mas voltou a se retrair em razão do desempenho econômico insatisfatório entre o fim de 2017 e este ano. A intenção de financiamento tem correlação direta com a expectativa profissional, e essa variável tende a melhorar com o novo governo, assim que se coloque de forma clara propostas para o ambiente econômico. Para a FecomercioSP, o desempenho positivo do novembro deve alavancar as vendas do Natal. A Federação projeta crescimento de 5% em dezembro, passando de 46,8 pontos em novembro para 49,1 pontos em dezembro.
Inflação
Os preços apurados pelo indicador de Custo de Vida por Classe Social (CVCS) apontaram que em 2018 o custo de vida sinalizou elevação de 3,51% e, nos dez meses do ano, a alta atingiu 4,79%.
Consumo
Segundo projeção da Fecomércio/SP, o Índice de Consumo das Famílias (ICF) deve terminar 2018 nos 90 pontos, 5,8% acima do registrado no ano passado. De acordo com a assessoria técnica da federação, 2018 foi enfrentado com muita dificuldade: crescimento econômico abaixo do esperado, a Reforma Previdenciária não prosperou, greve dos caminhoneiros e incertezas quanto às eleições. Ainda assim, o ICF conseguiu uma média de pontuação, em 2018, 13,6% superior a 2017.