Muitas lojas enfrentam problemas na área financeira devido à alta inadimplência dos consumidores, que são potencializados com a dificuldade de cobrar corretamente os clientes e não ocasionar ruptura do relacionamento e prejuízo nos negócios.
Na hora da cobrança dos devedores, são necessários pensamento lógico e estratégia de abordagem. É preciso conhecer a fundo quem está devendo e traçar um planejamento para receber os valores. Em casos de grandes dificuldades, existe a possibilidade de se recorrer a medidas legais.
Mas, antes de qualquer ação, é preciso entender com quem se está lidando e quais suas características para melhor se preparar. Pensando nisso, destacamos a seguir os quatro perfis dos devedores que mais se observa no mercado. São eles:
Devedor viciado
Muitas vezes, não possui nem mesmo problemas financeiros, porém seu subconsciente faz com que atrase os pagamentos, seja para se prevenir de imprevistos ou por outros motivos. Pode até pedir para renegociar os juros, mas sempre paga as dívidas.
Devedor ocasional
É o consumidor que busca manter as contas em ordem, tendo sempre a intenção de pagar, entretanto, por algum problema, não consegue arcar com os compromissos. Geralmente fica muito irritado quando cobrado, pois pensa que não é devedor e se acha injustiçado, afinal sempre paga. É necessário muito cuidado para não desgastar a relação.
Devedor negligente
É muito comum, pois representa o consumidor que não possui vida financeira organizada. Assim, facilmente deixa de pagar as contas por ter se esquecido delas. Nesse caso, o papel do cobrador é o de lembrá-lo de seus compromissos. As negociações tendem a ser mais complexas, pois, como nunca se preocupa com suas obrigações, é vítima constante de dificuldades financeiras e de eventos imprevisíveis. É necessário estabelecer acordos bem claros para alertar o devedor dos prazos de pagamento.
Mau pagador
Esse é um grande problema para quem faz a cobrança, pois ele sabe que deve, já tem esse fato como uma constante em sua vida, mas, mesmo assim, se recusa a pagar, se esquiva do cobrador de todas as formas, inventa desculpas, desaparece e não está preocupado em manter seu nome limpo. Esses casos devem ser tratados de forma mais enérgica, com uma cobrança mais firme, e ir até as últimas consequências legais. Dificilmente esse será um consumidor interessante, pois de nada adianta vender se a loja terá que realizar uma maratona para receber.
Procedimentos básicos para cobrança
Esses padrões são variáveis, principalmente em tempos de crise. Por esse motivo, existem alguns procedimentos básicos a serem seguidos para facilitar a cobrança e minimizar os desgastes.
1. Primeiramente, sempre que acontecer o atraso, ligue e mande e-mail no dia seguinte pedindo ajuda para localizar o pagamento que não foi feito. Peça ao cliente para lhe enviar o comprovante para facilitar a procura.
2. Se não tiver uma resposta em dois dias, ligue cobrando gentilmente, explicando que precisa receber os valores em aberto e o quanto eles são importantes para o dia a dia da loja. Cobre do cliente uma posição efetiva, por exemplo: vou pagar dia tal, e envie e-mail pedindo confirmação por escrito.
3. É interessante enviar informativos reforçando os novos prazos de pagamento. E, caso o pagamento não ocorra, semanalmente deve-se buscar uma definição amigável da situação.
4. Se as ações não surtirem efeitos ou o débito tiver mais de 45 dias, a experiência diz que esse valor deve ser passado a um escritório de advocacia de sua confiança para notificar o devedor para pagamento sob pena de iniciar ação judicial.
5. Muitos devedores só pagam após a ação de cobrança bater na porta, seja por medo de penhora ou em função do grande aumento da dívida. Parte expressiva dos devedores faz composição de pagamento em audiência.
6. Se não houver o pagamento, a busca para recuperação do crédito já está iniciada, e os advogados irão utilizar uma grande quantidade de estratégias de localização de valores e bens para assegurar seu recebimento. Enfim, como se pode observar, para o combate à inadimplência, deve-se ter uma boa política de cobrança, uma rigorosa avaliação de crédito, e cercar-se de profissionais que possibilitem suporte.
Gilberto Bento Jr, sócio da Bento Jr. Advogados, advogado, contabilista e empresário com experiência em gestão com estratégias empresariais.